quarta-feira, 8 de novembro de 2006

A FADA MUDA

A FADA MUDA

No vale do silêncio perturbador e entre as colinas do abismo
que separa o mundo real da terra da ilusão,
encontra-se a fada muda.
Exilada no isolamento dos pensamentos sombrios
magoada pela distância do que pode ser vistos e da daquilo que está oculto,
analisa os fatos do passado e do presente,
não enxergando sequer um feixe de luz para o futuro.

A Fada Muda não acredita mais
promessas platônicas da parte do mero mortal enfeitiçado,
cansaço ante ao tempo que outrora sequer parecia passar,
encontros apaixonados protagonizados por ela, um ser irreal, inanimado,

será que a nossa relação nada mais foi
ou nada mais é do que um dos variados momentos de alucinação
que por diversas vezes eu confundira o real com a ilusão
Antes os feitiços benéficos do encantamento
Agora não mais destilados pela fada,
entristecida utiliza sua vara de condão para ferir o mortal eternamente enfeitiçado
da maneira que mais profundamente machuca e maltrata qualquer ser
de quaisquer dimensões: por meio da indiferença e do silêncio ruim.

há o silêncio bom e o ruim independentemente dos mundos e dos planos astrais,
e ela sabe disso.
O silêncio bom era aquele que os nossos espíritos
compartilhavam traçando junto o mesmo caminho.
quando os gritos e as lamentações das pessoas não nos alcançavam,
e podíamos descobrir os mistérios de nossas próprias existências,
os segredos de nossas almas, pelas ruas e avenidas da Cidade do Nascer do Sol,
onde não me recordo ao certo o endereço que me faria voltar,
de modo com que eu fizesse cumprir as minhas próprias promessas
mas que eu jamais cumpri e esqueci.

Até mesmo por estar muda,
utilizando-se dos dons do silêncio ruim e da indiferença,
a fada desconhece que apesar de o enfeitiçado
ter confeccionado os grilhões da gaiola
que acabaram o aprisionando,
ele estuda as formas de se libertar
renascer das cinzas como Fênix,
a fim de se precipitar por onde já caiu,
como se uma máquina do tempo
fazer com que revivêssemos aquela ilusão,
a mesma sombra do real.

No reino da fantasia confusa,
alimentada pelo descrédito e
por todos os oceanos da desilusão física
está a fada.
Enquanto que no universo dos seres barulhentos
que tentam parecer interessantes a qualquer custo,
encontra-se o enfeitiçado,
e o sentimeto que rege estes dois seres é o mesmo,
assim como o orgulho infantil que os separa.

penso e sinto que a Fada Muda está em algum lugar,
mesmo que distante, e que ela tornará a cantar
suas melodias doces e harmoniosas
com aqueles mesmos lábios perfeitos, emprestados pelo rouxinol.

E os beijos nos aproximarão novamente
essas pessoas ao nosso redor nada mais são do que uma ilusão,
uma sombra do real.

Aqui não há despertar.
O despertar é lá, naquele mundo, naquele reino,
onde eu estava com a minha Fada e com a realidade.

ps.: muda (adjetivo ou verbo????)

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