segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Disse-me o velho em sonho que não me assustasse pois na hora da batalha quem me guarda não haveria de me faltar. E fez uma pausa coçando a barba na ponta do queixo, deu uma baforada e me confidenciou que pancada em alma forte dói que nem pancada em alma fraca. Sofre-se igual: o forte e o fraco. O fraco agoniza, o forte se energiza.
Pancada em alma forte corta mas cicatriza. Machuca mas não mata.

Memórias Póstumas



Nem anjo e nem fera.

O som da felicidade já não ouço mais.
Nem pássaros e nem canção.
O silêncio veio pra ficar.
Tortura, pensamentos de um tempo que não volta mais.
Passos lentos e em falso, percorrem este chão sagrado,
Que agora piso.
Indeciso é o destino.
Como ficar em paz?
Não quero o passado, nem o tempo que não volta mais.
Quero o futuro certo, feliz, o futuro que eu escolhi,
Quero o futuro que eu mesma fiz.
Nem morte e nem dor,
Quero sentir da vida o calor.
Sorrir até perder o ar, abraçar até não mais suportar.
Quero viver.
Sonhar, crescer, florecer em um novo tempo.
Quero ser a nova era.
Nem anjo e nem fera.
Quero ser eu.
Que me olhem sem passado e nem presente,
quero ser semente, futurecer.
Renascer em mim.
Ouça, é o som do silêncio,
Me trazendo o tormento...
Me escondo de mim?
Talvez seja a solução.
Abre o mundo, me escondo no fundo de um coração,
Qualquer, vazio, sem medo, aberto para me receber.
Eu me escondo de mim, do mundo
Me ache, me leve, resgate,
Me salve, me eleve a alma.
Tire-me da escuridão.