domingo, 30 de abril de 2006

Soneto do Amor Maior

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

UMA CARTA DE AMOR

Sinto por ter demorado tanto a escrever
É como se estivesse perdido
Sem rumo, sem bússola
Vivo colidindo com as coisas
Um pouco maluco, eu acho
Nunca estive perdido antes
Você era meu norte
Sempre soube o caminho de casa
Quando você era minha casa
Me perdoe por ter ficado tão nervoso quando você partiu
Eu ainda acho que cometemos alguns erros
E espero que Deus os repare
Mas estou melhor, o trabalho me ajuda
Acima de tudo você me ajuda
Você me apareceu em sonho ontem
Com aquele sorriso que me prendia como um amante
E me embalava como criança
Tudo que me lembro do sonho
É uma sensação de paz
Acordei com uma essa sensação
E tentei mantê-la enquanto foi possível
Estou escrevendo para dizer
Que estou viajando rumo a esta paz
E para dizer que sinto por muitas coisas
Sinto não ter cuidado melhor de você
Para que não tivesse um só minuto de frio, medo ou doença
Sinto não ter achado palavras para expressar o que sentia
Sinto não ter consertado a porta de tela
Consertei agora
Sinto ter brigado com você
Sinto por não ter pedido mais desculpas
Eu era muito orgulhoso
Sinto não ter feito mais elogios a tudo que você vestia
E ao modo como arrumava o cabelo
Sinto não tê-la abraçado tanto
Que nem Deus poderia tira-la
Com todo amor...
Garret

Do filme: Uma Carta de Amor
"Sou do tamanho que vejo...
não do tamanho da minha altura..."

"O meu olhar é nítido como um girassol/ Tenho o costume de andar pelas estradas/
Olhando para a direita e para a esquerda, E de vez em quando olhando para trás.../
E o que vejo a cada momento/É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem.../Sei ter o pasmo essencial/
Que tem uma criança se, ao nascer,/Reparasse que nascera deveras.../
Sinto-me nascido a cada momento/Para a eterna novidade do Mundo..."
(De O Guardador de Rebanhos)

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Não há meios de se traduzir a saudade
Nem de senti-la...
Pois quem a sente assim não desejava
Apenas foi vitima de um presente
De um passado...
Assim como do futuro que planejamos
com a presente saudade.